Transtornos alimentares em crianças e adolescentes: como identificar e tratar o problema
Aprenda o que são transtornos alimentares e como identificar os sinais desse problema em crianças e adolescentes
- Saúde
- Equipe Fundamentos da saúde
- Tempo de Leitura: 8Min.
Os transtornos alimentares são doenças mentais que se caracterizam por uma relação distorcida com a comida, o corpo e o peso, que afetam a saúde física, emocional e social dos indivíduos. Os transtornos alimentares mais comuns em crianças e adolescentes são: anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno da compulsão alimentar e transtorno alimentar restritivo evitativo.
O que são os transtornos alimentares
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar que se caracteriza por uma recusa em se alimentar adequadamente, por um medo intenso de engordar e por uma percepção distorcida da própria imagem corporal. A anorexia nervosa pode levar a uma perda de peso excessiva, a uma desnutrição grave e a complicações como anemia, osteoporose, arritmias cardíacas e insuficiência renal.
A bulimia nervosa é um transtorno alimentar que se caracteriza por episódios de ingestão compulsiva de grandes quantidades de comida, seguidos de comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos, uso de laxantes, diuréticos ou medicamentos para emagrecer, jejum ou exercício físico excessivo. A bulimia nervosa pode causar alterações no peso, na glicemia, no equilíbrio hidroeletrolítico e na saúde bucal, além de problemas psicológicos como depressão, ansiedade e baixa autoestima.
O transtorno da compulsão alimentar é um transtorno alimentar que se caracteriza por episódios de ingestão compulsiva de grandes quantidades de comida, sem o uso de comportamentos compensatórios. O transtorno da compulsão alimentar pode levar ao sobrepeso ou à obesidade, e a complicações como diabetes, hipertensão, dislipidemia, doenças cardiovasculares e câncer. Além disso, o transtorno da compulsão alimentar pode causar sofrimento psicológico, como culpa, vergonha, isolamento social e baixa autoestima.
O transtorno alimentar restritivo evitativo é um transtorno alimentar que se caracteriza por uma restrição ou uma evitação da ingestão de alimentos, por razões que não estão relacionadas ao peso, à forma ou à aparência corporal. Ele pode ser motivado por uma falta de interesse pela comida, por uma sensibilidade sensorial aos sabores, às texturas ou às temperaturas dos alimentos, por uma preocupação com as consequências da ingestão de alimentos, como engasgos, vômitos ou alergias, ou por experiências traumáticas relacionadas à alimentação.
O transtorno alimentar restritivo evitativo pode levar a uma perda de peso, a uma desnutrição, a um atraso no crescimento e no desenvolvimento, e a problemas sociais, como dificuldade para se alimentar em público ou em família.
Causas dos transtornos alimentares
As causas dos transtornos alimentares ainda não são totalmente conhecidas, mas sabe-se que envolvem fatores biológicos, psicológicos, familiares e socioculturais. Alguns dos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento dos transtornos alimentares em crianças e adolescentes são:
Predisposição genética: a presença de transtornos alimentares na família pode aumentar o risco de desenvolver a doença, especialmente em gêmeos idênticos.
Alterações hormonais: as mudanças hormonais que ocorrem na puberdade podem influenciar o apetite, o metabolismo, o humor e a imagem corporal, favorecendo o surgimento de transtornos alimentares, especialmente em meninas.
Comorbidades psiquiátricas: a presença de outros transtornos mentais, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, transtorno do espectro autista, entre outros, pode aumentar o risco de desenvolver transtornos alimentares, ou dificultar o seu tratamento.
Estresse ambiental: situações de estresse, como mudanças de escola, de cidade, de país, de amigos, de família, de status socioeconômico, de religião, de cultura, entre outras, podem desencadear ou agravar os transtornos alimentares, especialmente em crianças e adolescentes mais vulneráveis ou com baixa autoestima.
Influência familiar: o ambiente familiar pode ter um papel importante na prevenção ou na perpetuação dos transtornos alimentares, dependendo da forma como os pais ou os cuidadores se relacionam com a comida, o corpo e o peso, e como transmitem esses valores para os filhos. Alguns fatores familiares que podem favorecer o surgimento de transtornos alimentares são: a pressão para emagrecer ou engordar, os comentários críticos ou depreciativos sobre a aparência física, os hábitos alimentares inadequados ou restritivos, os conflitos ou a falta de comunicação, a negligência ou o abuso emocional, físico ou sexual.
Influência sociocultural: a sociedade e a mídia podem exercer uma forte influência sobre os padrões de beleza, de saúde e de sucesso, que muitas vezes estão associados à magreza, à forma física e à dieta. Essa influência pode gerar uma insatisfação com o corpo, uma preocupação excessiva com o peso, uma busca por dietas milagrosas ou por cirurgias plásticas, e uma comparação constante com modelos, celebridades ou influenciadores digitais, que podem desencadear ou agravar os transtornos alimentares, especialmente em crianças e adolescentes mais suscetíveis ou com baixa autoestima.
Sintomas dos transtornos alimentares
Os sintomas dos transtornos alimentares podem variar de acordo com o tipo, a gravidade e a duração da doença, mas geralmente envolvem alterações no comportamento alimentar, na imagem corporal, no peso, na saúde física e na saúde mental. Alguns dos sintomas mais comuns dos transtornos alimentares em crianças e adolescentes são:
- Recusa em se alimentar ou em manter o peso adequado para a idade e a altura
- Medo intenso de engordar ou de perder o controle sobre a comida
- Percepção distorcida do próprio corpo, se achando gordo mesmo estando magro
- Obsessão por contar calorias, pesar alimentos, medir porções ou ler rótulos nutricionais
- Restrição ou evitação de certos grupos alimentares, como carboidratos, gorduras ou proteínas
- Preferência por alimentos com baixo valor calórico, como frutas, verduras, legumes ou alimentos diet ou light
- Ingestão compulsiva de grandes quantidades de comida em um curto período de tempo, com sensação de perda de controle
- Uso de métodos para eliminar a comida ingerida, como vômitos, laxantes, diuréticos ou medicamentos para emagrecer
- Jejum prolongado ou exercício físico excessivo para compensar a ingestão de comida
- Variações bruscas ou extremas de peso, para mais ou para menos
- Isolamento social ou recusa em se alimentar na presença de outras pessoas
- Mudanças de humor, como irritabilidade, ansiedade, depressão ou apatia
- Alterações no ciclo menstrual, como atraso ou ausência da menstruação
- Alterações na pele, nos cabelos, nas unhas, nos dentes ou nas gengivas, como ressecamento, queda, quebra, erosão ou sangramento
Alterações nos sinais vitais, como frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal ou oxigenação, que podem estar baixos ou alterados
Como identificar os transtornos alimentares
A identificação precoce dos transtornos alimentares é fundamental para o sucesso do tratamento e a prevenção de complicações. No entanto, muitas vezes os transtornos alimentares passam despercebidos ou são minimizados pelos pais, pelos professores ou pelos próprios pacientes, que podem negar ou esconder os seus sintomas.
Por isso, é importante estar atento aos sinais de alerta que podem indicar a presença de um transtorno alimentar em crianças e adolescentes, como:
Mudanças repentinas ou extremas nos hábitos alimentares, como comer muito pouco, muito rápido, muito devagar, em horários irregulares ou fora das refeições
Preocupação excessiva com o peso, a forma ou a aparência física, como se pesar ou se medir frequentemente, usar roupas largas ou justas, evitar espelhos ou se comparar com outras pessoas
Comentários negativos ou depreciativos sobre o próprio corpo, a comida ou o peso, como se achar gordo, feio, inadequado ou fracassado
Isolamento social ou recusa em participar de atividades que envolvam comida, como festas, almoços ou jantares em família ou com amigos
Comportamentos estranhos ou ritualísticos em relação à comida, como cortar, separar, mastigar ou cuspir os alimentos, usar talheres ou pratos específicos, beber muita água ou refrigerante, mascar chicletes ou balas
Presença de alimentos escondidos, embalagens vazias, restos de comida ou vômito no quarto, no banheiro ou na lixeira
Uso frequente ou abusivo de laxantes, diuréticos, medicamentos para emagrecer, suplementos alimentares ou anabolizantes
Prática excessiva ou compulsiva de exercícios físicos, mesmo com dor, cansaço, lesão ou doença
Alterações no humor, na personalidade, no rendimento escolar ou no sono, como irritabilidade, tristeza, ansiedade, apatia, agressividade, dificuldade de concentração, insônia ou sonolência
Alterações no crescimento, no desenvolvimento, na puberdade ou na saúde, como perda ou ganho de peso, atraso ou ausência da menstruação, anemia, desidratação, infecções, cáries ou problemas cardíacos.
Se algum desses sinais for observado, é recomendado procurar ajuda médica o quanto antes, para confirmar o diagnóstico, avaliar a gravidade e iniciar o tratamento adequado.
Como tratar os transtornos alimentares
O tratamento dos transtornos alimentares é complexo e multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, educadores físicos, dentistas, entre outros profissionais. Ele visa restaurar o peso, a nutrição e a saúde física, corrigir as crenças e os comportamentos disfuncionais em relação à comida, ao corpo e ao peso, tratar as comorbidades psiquiátricas, melhorar a autoestima, a autoimagem e a qualidade de vida, e prevenir as recaídas. O tratamento dos transtornos alimentares pode ser feito em nível ambulatorial, hospitalar ou residencial, dependendo da gravidade e da necessidade de cada caso.
O tratamento medicamentoso dos transtornos alimentares pode envolver o uso de antidepressivos, de estabilizadores de humor, de antipsicóticos, de ansiolíticos ou de outros medicamentos, de acordo com o tipo, a intensidade e a duração dos sintomas, e a presença de outras doenças associadas. Esse tratamento deve ser indicado e acompanhado por um médico, que irá avaliar os benefícios e os riscos de cada caso.
O tratamento nutricional dos transtornos alimentares consiste em orientar e acompanhar a alimentação das crianças e dos adolescentes, com o objetivo de restaurar o peso, a nutrição e a saúde física, e de promover uma relação saudável com a comida. Ele deve ser feito por um nutricionista, que irá elaborar um plano alimentar individualizado, adequado às necessidades, às preferências e à tolerância de cada um, respeitando o ritmo e a evolução do tratamento.
O tratamento psicológico dos transtornos alimentares consiste em oferecer apoio, orientação e terapia às crianças, aos adolescentes e às suas famílias, com o objetivo de corrigir as crenças e os comportamentos disfuncionais em relação à comida, ao corpo e ao peso, tratar as comorbidades psiquiátricas, melhorar a autoestima, a autoimagem e a qualidade de vida, e prevenir as recaídas.
Ele pode ser feito individualmente, em grupo, em família ou online, dependendo da disponibilidade, da preferência e da necessidade de cada caso. As principais abordagens psicológicas usadas no tratamento dos transtornos alimentares são: a terapia cognitivo-comportamental, a terapia familiar, a terapia interpessoal, a terapia comportamental dialética e a terapia de aceitação e compromisso.
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